Nwafo, que entrara na cabana do pai no momento em que Akuebue estava dizendo de Ezeulu que ele era meio homem meio espírito, não compreendeu a briga entre os dois homens. Mas ele já tinha visto cenas de aspecto igualmente perigoso acabar por dar em nada. Por isso não se surpreendeu quando seu pai mandou-o buscar na casa de sua mãe óleo de palma temperado com pimenta moída. Quando voltou com o óleo, Ezeulu já tinha descido sua cesta redonda. Essa cesta tinha uma tampa que fechava muito bem, e ficava pendurada no teto diretamente sobre a fogueira. Pendurados com ela estavam a saia de ráfia cerimonial de Ezeulu, duas cabaças e algumas espigas do milho da última colheita, especialmente escolhidas por sua boa qualidade para o plantio. Cesta, milho e saia de ráfia estavam pretos de fumaça.
Ezeulu abriu a cesta redonda e tirou dela uma perna de cabra cozida e defumada, cortou um pedaço grande para Akuebue e um pedaço pequenino para si próprio.
— Acho que precisarei de algo para embrulhar isto — disse Akuebue.
Ezeulu mandou Nwafo cortar um pedaço de folha de bananeira, que segurou por cima do fogo quase apagado, até que ela murchou ligeiramente e perdeu sua tenra frescura. Passou-a depois para Akuebue, que dividiu a carne em dois pedaços, embrulhou o pedaço maior na folha de bananeira e o colocou de parte em sua sacola. Começou então a comer a outra metade, molhando-a no óleo apimentado.
Ezeulu deu uma pequena tira de seu próprio pedaço para Nwafo e jogou o restante na boca. Durante muito tempo eles comeram em silêncio e, quando recomeçaram a conversar, foi sobre coisas bem menos importantes.