Café da manhã em Ulisses — James Joyce (1922)

 O Sr. Leopold Bloom comia com prazer os órgãos internos de aves e de outros animais. Ele gostava de uma sopa grossa de miúdos de aves, moela com nozes, um coração recheado assado, fatias de fígado fritas à milanesa, ovas de bacalhau tostadas. Mais do que tudo ele gostava de rins de carneiro grelhados que davam ao seu paladar um sabor refinado de urina ligeiramente perfumada.

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Um repasto de qualidade bastante excelente consistindo de fatias de presunto e ovos, bife frito e cebolas, feito primorosamente, deliciosos pãezinhos quentes para o café-da-manhã e chá revigorante tinham sido providenciados atenciosamente pelas autoridades para o consumo da figura central da tragédia que estava no mais alto estado de espírito quando preparada para a morte e manifestava o mais agudo interesse no que estava acontecendo do princípio ao fim mas ele, com uma abnegação rara nestes nossos tempos, se mostrou à altura da situação e expressou o desejo final (imediatamente concedido) de que a refeição fosse dividida em alíquotas iguais entre os membros doentes e indigentes da associação dos camareiros como um sinal de sua consideração e estima.