Na cozinha com Nero Wolfe
Às dez para as sete paramos em frente ao Palácio da Cultura. Desci, dirigi-me para a porta de tela, abri-a e entrei. Não havia ninguém na Galeria, mas a porta dos fundos que dava para a cozinha estava aberta. Fui até lá e enfiei a cabeça. Vi Woody num tamborete ao balcão, mexendo em alguma coisa num vaso, tendo Wolfe ao lado, observando. Wolfe presente, a cozinha parecia menor do que era. Entrei e disse: — Exatamente na hora.
Wolfe olhou-me, deu um passo para um exame de mais de perto e resmungou:
— Satisfatório.
Meus nervos estavam um tanto tensos.
— Que diabo é que há de satisfatório? — indaguei.
— Você está aqui, está intacto, e reencontrou a língua. "Exatamente na hora." Sim, exatamente na hora. Você está exatamente na hora para o prato favorito do Sr. Stepanian, o hunkiav beyandi. Ele me disse que foi originariamente armênio, mas que os turcos alegam há séculos ser os inventores. É kebab servido com berinjela recheada com o purê, que os turcos chamam de Imam Baildi — "Iman desmaiante." Cebolas douradas em óleo, tomates, alho, sal e pimenta. O xadrez estava sujo?
— Sim.
— Está com fome?
Era compreensível que ele não quisesse falar com Woody ali e aparentemente, nada havia de urgente que não pudesse esperar até que ele tivesse provado o hunkiav beyandi.
— Claro que estou com fome — respondi — mas, em primeiro lugar, preciso tomar um banho. A Srta. Rowan mandou Mimi preparar alguns filés. Ela pensou que você também podia estar com fome.
— Se quiser — disse Woody — pode usar o meu chuveiro. Há bastante água quente. E será uma honra. Você sabe o prazer que sinto em vê-lo, Archie. Como disse o Sr. Wolfe, é satisfatório.
— Prazer em vê-lo, Woody. — E para Wolfe. — Voltarei mais tarde. Mais ou menos às nove.
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